14/05/2009

Lugares Sagrados!


Por que o Muro das Lamentações, visitado pelo papa nessa semana, é mais sagrado do que a Muralha da China? Por que a Esplanada das Mesquitas, também visitada por Bento XVI , é considerada apenas o 3º lugar mais sagrado pelos palestinos?
Por que um templo é mais sagrado que uma casa, mesmo quando ambos são construídos com tijolos da mesma olaria?
São perguntas que nos fazem pensar. Outra reflexão: como um lugar como a Palestina, repleto do “Sagrado”, está sempre coberto de guerras e conseqüentemente de sangue?
Talvez a resposta esteja no fato de que a linha que dividi o sagrado do profano é muito tênue.
Os confrontos por motivos religiosos profanam o sagrado, pois revelam preocupações com muros, com construções e se esquecem das pessoas. Em nome do divino, mata-se sem receios! Por honra a pedras, derrama-se sangue inocente! Defende-se uma cidade e não os seus moradores.
No campo da política diz-se que o “voto é sagrado”, mas há poucos dias um deputado afirmou estar se lixando para a opinião pública. Também nessa área o sagrado confunde-se com o profano, pois cargos e instituições são defendidos ao invés dos cidadãos e suas necessidades.
O que faz um lugar ser mais sagrado do que outro?
No livro: “O Pequeno Príncipe”, o personagem cuidava de uma rosa que lhe era especial. Porém, descobre que há muitas outras rosas, iguais ou superior em beleza – mas, sente que nenhuma lhe é tão preciosa. Por quê? Porque o tempo concedido a sua rosa foi que a tornou tão especial. Foi à atenção dispensada ao regar, ao arrancar as ervas daninhas que tornou aquela rosa tão cara e tão ligada ao seu coração, ou, poderíamos assim dizer, tornou-a “sagrada”!
Assim como a rosa é para o Pequeno Príncipe, assim a Vida é para Deus e conseqüentemente para suas criaturas. Deus ama a Vida Humana não porque ela é valiosa, mas ela é valiosa porque Deus a ama. É o amor de Deus que santifica, que torna sagrado e não discursos de papas ou presidentes, nem poderes bélicos ou econômicos.
Por isso, ainda que eu honre e dignifique muros, cidades e templos, se isto estiver desvinculado do Amor, de nada isso valerá. Não me surpreende, portanto, que a Palestina, região cercada de lugares sagrados, honre a guerra e se esqueça da Paz.
Resta-me desejar que as muralhas de ódio sejam derrubadas. E que as construções humanas sejam respeitadas não pelo valor ou idade das pedras, mas sim pelos princípios e sentimentos que levaram a sua construção, e que estes princípios defendam a Vida e a sua dignidade, como Jesus fez e ainda faz.

Pastor Ismar Pinz – ismarpinz@yahoo.com.br
Comunidade Cristo Redentor, PELOTAS, RS.

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