O que é verdade e o que é mentira sobre esta gripe? Corre pela internet o texto “Pandemia do lucro” alertando que há um grande alarde com interesses comerciais para vender o Tamiflu. Fiz uma pesquisa sobre os lucros da referida empresa com este remédio, e as informações são intrigantes. Nos anos da gripe aviária, 2006 e 2007, foram aproximadamente 4 bilhões de dólares (esta gripe matou 250 pessoas em dez anos). Em 2008, as vendas caíram para 600 milhões de dólares. Mas agora, com a nova gripe, as vendas do Tamiflu aumentaram em 203%, ou seja, houve um lucro de 1 bilhão de dólares (uma caixa com dez comprimidos custa 170 reais aqui no Brasil). Enquanto isto, a Organização Mundial da Saúde confirmou nesta semana que a gripe suína continua semelhante a qualquer outro tipo de gripe. Até o momento há em torno de 135 mil casos desta gripe no mundo, e as mortes não passam de mil pessoas.
Por enquanto é mais fácil morrer atropelado do que por este vírus H1N1. Evidentemente que o vírus requer dobrada atenção, igual ao atravessar uma rua movimentada. Mas transformou-se em paranóia. E pelo jeito um medo interessante e lucrativo. O que não é novidade na medicina, e nem na própria religião – “meio de enriquecer” (1 Timóteo 6.5). E com uma fórmula parecida: semeando pânico. Quantas pessoas entregam seus bens materiais, se sacrificam, cumprem ritos, tudo por conta do pavor provocado pela propaganda de um Deus que castiga, de um Diabo que entra no corpo. Sim, quanta gente supersticiosa infectada pelo vírus da fobia. E olha que o mês do cachorro louco vem aí...
Há informações que a vacina contra o vírus que causa a gripe suína já pode ser fabricada no Brasil pelo Instituto Butantan, mas a permissão está sendo negociada com os fabricantes. Qual o valor desta liberação – os royalties? Mas se é uma pandemia mundial porque não fazer de graça? Ora, de graça nem injeção na testa. Mas se viesse gratuitamente, com certeza algum cambista entraria no meio. É o que fazem com o remédio do Evangelho, que vem dos céus sem nenhum custo, pois “é um presente dado por Deus” (Efésios 2.8). Foi o que o apóstolo revelou para uma escrava que era obrigada a enganar as pessoas adivinhando o futuro. Mas “quando os donos da moça viram que não iam mais ganhar dinheiro com as adivinhações dela, agarraram Paulo e Silas...” (Atos 16.19). Que Deus nos proteja!
O médico Moacyr Scliar escreve sobre a gripe que é “melhor falar do que calar”. E lembra a meningite de 1974 que o governo brasileiro proibiu de divulgar e o resultado foi catastrófico. Na verdade, em tudo é preciso informação, e de boa qualidade. Afinal, quando Jesus falou sobre as “epidemias” como sinal dos tempos, antes alertou: “Tomem cuidado para que ninguém engane vocês”. E disse ainda: “Não tenham medo”(Lucas 21. 8-11). Penso que esta gripe é uma boa oportunidade para tomar um chazinho com mel e limão, e ficar atento com o surto das informações.
Marcos Schmidt
pastor luterano
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