27/10/2009

Alhos com bugalhos


Semana passada saiu nos jornais a notícia: “Igreja Luterana da Suécia aprova casamento gay”. Em agosto a Igreja Evangélica Luterana dos Estados Unidos (ELCA) já tinha ido mais longe. Decidiu que homossexuais ativos podem ser sacerdotes desde que "vivam uma relação homossexual duradoura e monógama". No entanto, neste mesmo mês, na conferência do Conselho Luterano Internacional, 32 igrejas luteranas do mundo (incluindo a Igreja Evangélica Luterana do Brasil à qual faço parte) aproveitaram o encontro para emitir uma declaração. Que a união permanente de um homem e de uma mulher é o lugar onde Deus abençoa a sexualidade humana, e que a homossexualidade em qualquer situação é uma prática contrária a vontade de Deus.

O assunto é polêmico e racha ainda mais o cristianismo. Dias atrás os jornais diziam que clérigos anglicanos estavam ingressando na Igreja Católica por não aceitarem estas mudanças em sua igreja. Penso que duas coisas aqui devem ser consideradas – e que estão neste manifesto do Conselho Luterano Internacional. Primeiro: “Declaramos nossa determinação de nos aproximarmos daqueles com inclinação homossexual, com o mais profundo amor cristão possível e cuidado pastoral, em qualquer situação em que eles estejam vivendo. Segundo: “Firmados no testemunho bíblico e mantendo o ensino cristão durante os últimos dois mil anos, continuamos crendo que a prática da homossexualidade – em toda e qualquer situação – viola a vontade do Deus Criador e deve ser reconhecida como pecado”.

Mas daí vem o pessoal da “anti-homofobia”, lei que tramita em Brasília e que tenta punir pessoa ou religioso que se manifestar contrário ao homossexualismo. Daí vêm com rolo compressor a mídia, as novelas, o Ministério da Saúde e do Ensino e toda esta conversa de “isto é preconceito”. E nestas horas igrejas e cristãos, na onda do politicamente correto e de “alianças com Judas”, são levados ao que o Senhor Jesus disse: quem comigo não ajunta espalha (Lucas 11.23). Pois este é o mal que também acontece na igreja, parecido com o que disse Lula: “Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão”.

Longe de nós qualquer tipo de intolerância religiosa. Bem pelo contrário, pois ninguém é melhor do que ninguém. A infidelidade conjugal, desonestidade, mentira, ódio, ganância etc, são iguais em condenação à homossexualidade. Infelizmente no ardor deste debate surgem os santinhos da igreja com sua presunção, hipocrisia e até ódio. No caminho inverso daquele que disse: “Eu vim chamar os pecadores e não os bons”. Afinal, todos precisamos ser chamados.

Mas nestas horas é preciso não confundir alhos com bugalhos.

Marcos Schmidt
pastor luterano

Nenhum comentário:

Postar um comentário