Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós (1 Pe 3.15). Não somos mais, nem menos, mas somos diferentes. A diferença da Igreja Luterana com relação às demais igrejas é motivo de muitos questionamentos, curiosidades e até rejeição. Sendo uma igreja de doutrina bíblico escriturística cabe-nos conhecermos a verdade sobre as diferenças para que possamos defendê-las. Cabe-nos darmos razão da nossa fé e doutrina.
Tentamos listar alguns temas que são vistos como controvertidos ou simplesmente diferentes, e por isso merecem explicações.
1. SANTA CEIA: É o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo para ser comido e bebido por nós, cristãos, sob o pão e o vinho. Este sacramento foi instituído pelo próprio Cristo. Textos Básicos da Instituição: Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19,20; 1 Co 11.23-25 (ou 17-34). Assim escrevem os santos evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, e o apóstolo Paulo: "Nosso Senhor Jesus Cristo, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e o deu aos seus discípulos, dizendo: Tomem, comam; isto é o meu corpo que é dado por vocês; façam isto em memória de mim. A seguir, depois de cear, tomou também o cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos dizendo: Bebam dele todos; porque este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês para remissão dos pecados; façam isto, todas as vezes que o beberem, em memória de mim." Através das palavras "Fazei isto em memória de mim" Jesus nos ensina a comer o seu corpo através do pão consagrado (separado) e beber o seu sangue através do vinho consagrado (separado) todas asa vezes que a ceia for celebrada. Fazei isto... A ênfase no verbo fazer. O mesmo mandamento fora dado por ocasião da páscoa dos judeus (Ex 12.14b) e todos a celebravam do mesmo modo, sem mudar nada.
Algumas questões:
Uso do vinho: Jamais a Bíblia faz referência ao suco de uva, antes atesta que na igreja primitiva era usado vinho (1 Co 11.20,21); Além de não se fazer referência ao suco para ceia, há questões lógicas que favorecem o uso do vinho. O suco azeda. Sem conservantes sua vida útil é muito curta. E o consumo de vinho não é condenado na Bíblia (1 Tm 5.23).
Uso da hóstia: A ceia foi instituída em uma festa de pães sem fermento (páscoa dos judeus), isto nos certifica que o pão foi sem fermento (Ex 12.8 e Mt 26.17-19, 26ss). Jesus, ao se apresentar como o pão do céu (Jo 6.48-51) ele faz uma estreita relação entre o maná e o pão do céu. A hóstia atende as duas premissas: sem fermento, escamas como era o maná (Ex 16.14).
Uso do pão fermentado: A Bíblia não condena o uso do pão com fermento, mas também em nenhum momento orienta claramente. O fato de a igreja apostólica celebrar a ceia de casa em casa (At 2.46) e diariamente, leva a crer que se usava pão do dia a dia, com ou sem fermento.
Presença Real: O corpo e sangue de Cristo estão presentes na Ceia (1 Co 10.16 e 11.27). Ela não é apenas um símbolo, mas a repetição da primeira Ceia, como era feita com a páscoa judaica (Ex 12.14b). Celebrando a Ceia estamos "fazendo isto..." que Cristo fez na primeira vez. Nada diferente.
Participam apenas os adultos e pessoas que tem compreensão racional: Deve-se ao fato de que a participação exige do comungante a capacidade de examinar-se (1 Co 11.28-31).
Ceia Fechada: A ceia pascal judaica era servida aos que pertenciam ao povo de Israel e assim conheciam seu sentido (Ex 12.43-45); A Ceia do Novo Testamento foi instituída durante a Ceia Pascal Judaica, portanto, dentro do mesmo princípio. Nós Luteranos cremos que a ceia traz perdão dos pecados (Mt 26.28) o que não é crido pelas igrejas evangélicas e por isso, neste ensino, não comungam da mesma fé conosco (1 Co 10.16,17). A Igreja Católica mutilou a Ceia através de dogmas, não concedendo a todos o vinho, o que também a torna diferente. Por outro lado, não conhecemos a fé de cada pessoa visitante. Temos a responsabilidade de cuidar para que ninguém tome sem discernimento (1 Co 11.28-31) para o seu juízo, bem como observar para não pecar contra Mt 7.6. Com isto não nos julgamos melhores, mas honramos o sagrado.
A União Sacramental, como é conhecida a doutrina luterana sobre a ceia crê na presença de Cristo na ceia com a sua graça perdoadora, mesmo que o corpo recebe pão e vinho, a alma recebe, também pela boca, o corpo e sangue de Cristo. Não se busca compreensão deste mistério, mas assim é crido porque assim está revelado.
A Igreja Luterana está perdendo um dos mais singelos modos de preparação para a Ceia. A inscrição: ela é feita junto ao pastor antes do culto. O valor deste gesto não é estatístico, mas leva o fiel a um exame de consciência antes de participar, evitando a participação inconsciente e despreparada.
2. BATISMO: "Todos vocês são filhos de Deus, em união com Jesus Cristo. Pois foram batizados para ficarem unidos com Cristo, assim se vestiram com a pessoa do próprio Cristo" (Gl 3.26,27).
Fazemos parte do corpo de Cristo quando somos batizados. Deus nos torna parte de sua família e nos encarrega de trazer outras pessoas para esta família. Temos um segundo nascimento quando é aplicada água juntamente com a Palavra - "Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" – Neste momento Deus anuncia: "Este é Meu Filho". É o segundo nascimento: o Batismo – Jo 3.5.
Batismo Infantil: em nenhum momento a Bíblia contraria o Batismo Infantil, antes o coloca como meio de salvação para todos. O batismo não é só água, mas é a água contida no mandamento de Deus e ligada à Palavra de Deus. Mt 28.19; Tt 2.3-5
1 Pe 3.21 - Batismo nos salva por causa da ressurreição de Jesus.
At 22.16 - O batismo dá perdão dos pecados
Ef 2.18-19 - No Batismo, fazemos parte da família de Deus
Mt 28.19 - Batismo é ordenado por Deus.
Mc16.16 - Fé e Batismo salvam; falta de fé condena
At 2.38-39 - No Batismo, o Espírito Santo é dado a adultos e crianças.
Ef 5.26 - Batismo é obra de Deus.
Mc 16.16 - "Quem crer e for batizado será salvo"
Jo 3.5. - "Quem não nascer da água e do Espírito , não pode entrar no reino de Deus". O céu também é para as crianças (Mc 10.14).
Cl 2.11-13 - "Fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne"... Fica evidente a estreitíssima relação entre a circuncisão e o batismo. Na circuncisão não necessitava uma compreensão do menino. Ela acontecia ao oitavo dia.
Não batizar crianças é uma pratica que colocada a razão acima da fé. Onde é mais importante compreender do que crer. Onde o homem é mais importante do que Deus no ato salvífico. É Deus quem salva. Por que então tanta ênfase no homem?
Evidências de batismo na Bíblia:
At 16.12,19,22-34 - O Batismo do Carcereiro e Família.
At 8.36-38 – O Batismo do etíope
At 2.41 – Batismo de quase três mil
Em nenhum momento há evidência de quantidade de água, forma de batismo ou exclusão das crianças.
Forma de Batizar: aspersão, imersão... A Bíblia não define. Baptizomai tem o sentido de lavar com água, regar, aspergir. Argumenta-se que imersão contempla o sentido do sepultar com Cristo (Rm 6.3,4), mas batismo não significa apenas sepultamento, mas também a lavagem dos pecados (At 22.16), derramamento do Espírito (Tt 3.5,6) e aspersão com o sangue de Cristo (Hb 10.22 comparado com Ex 24.8; Hb 9.19 e 1 Co 10.2).
Batismo como forma de Profissão de Fé: Este é o batismo das igrejas evangélicas em geral e faz sentido não batizar crianças com a compreensão de João Batista. Mas este batismo passou a ser Triúno, quando Jesus foi batizado (Mt 3.13-17). A Igreja Luterana pratica o batismo instituído por Jesus, e não o de João Batista, que servia de preparação a Cristo.
As coisas de Deus (sacramentos) não dependem do homem para fazerem efeito, pois são poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.
3. SÍMBOLOS: Símbolo é algo que exprime, representa, caracteriza ou identifica uma idéia, uma verdade, um conceito. Ele pode ser um objeto, um gesto, um elemento, um movimento, uma veste. A Bíblia é riquíssima em simbolismos (basta lembrar das cinzas, dos panos de saco, o templo e sua riqueza simbólica...). O culto bíblico está cheio de símbolos, e o próprio culto é o símbolo do encontro da família de Deus no céu. Nele reina alegria, adoração e louvor. O símbolo, no entanto, só tem valor se ele apresentar Cristo e auxiliar focalizar a atenção nele. Entretanto, símbolos podem morrer quando seu significado não for compreendido e não se capta o que ele deve expressar. Quando símbolos não servem para focalizar Cristo e sua obra redentora, eles se tornam esotéricos, místicos, objetos e idolatria e superstição.
No nordeste há uma tendência ao anti-simbolismo por causa da banalização e idolatria aos símbolos, fruto do mau uso dos mesmos. Perder a riqueza didática dos símbolos não parece ser a mais sábia decisão. Precisamos resgatar o uso e ensino correto sobre os símbolos. Esta tarefa não é imediatista nem fácil, mas com certeza significativa para a compreensão de muitos ensinos bíblicos.
ALGUNS SÍMBOLOS
4. TEMPLO: O verdadeiro templo não é de pedras, mas cada cristão constitui um templo de Deus Espírito Santo (1 Co 6.19). Entretanto, desde a antigüidade, o povo de Deus tinha um lugar para se reunir. "Amo Senhor, a habitação da tua casa" Sl 26. Êxodo 35 dá a orientação completa para construção do templo, seu utensílios e vestes. O templo agrada a Deus. A vontade de Deus é que o povo esteja reunido Hb 10.25.
5. ALTAR: Na Bíblia o altar é o símbolo da presença de Deus, e é o centro do nosso culto, pois, mais particularmente, é uma lembrança da morte sacrificial de Cristo. No AT ele estava presente na adoração do povo, pois era nele que os sacrifícios para perdão eram realizados. Hoje, sua forma parecida com mesa lembra a mesa da instituição da Ceia. Sendo o altar a mesa da ceia, todo culto deve ter ceia.
No altar não se deveria colocar flores, nem qualquer objeto que não diga respeito à ceia ou ao culto. Nem mesmo a Bíblia aberta, pois esta tem seu lugar no púlpito. Toda a ornamentação deveria estar ao redor do altar – ao seu lado. As flores foram introduzidas pela igreja católica na Contra-Reforma, no século XVII, mas não são essenciais como componente litúrgico. Todavia, nada impede ornamentar a casa de Deus com elas. Também não se recomenda o uso de flores plantadas, nem flores artificiais.
O altar sempre deveria estar coberto com suas toalhas próprias, pronto para o uso cúltico, para jamais ser usado para outros fins. Na Bíblia há 437 referências ao altar, sendo 30 no Novo Testamento. Alguns textos que falam do altar: Gn 8.20; 22.9; 28.18-22; Ex 27.1-8; Mt 5.23,24; Rm 11.3; Ap 6.9.
6. PÚLPITO: Diferente do altar, ele não é parte central do culto. É uma plataforma colocada em lugar de destaque, alguns degraus acima do nível normal do templo (Ne 8.4). Em geral, posto ao lado direito de quem olha. Ele simboliza a presença da Palavra (pregação) que é a intervenção profética de Deus na vida do seu povo para consolar ou corrigir.
Obs.: Os que criticam o uso do altar, amplamente mencionado na Bíblia (437 vezes), não tem qualquer dificuldade com o púlpito, apenas uma vez mencionado (Ne 8.4).
7. PIA BATISMAL: A Pia Batismal junta-se ao púlpito como peça de igual importância. Através dela pessoas são incluídas na comunhão do Corpo de Cristo – a Igreja. Já era usada uma pia nos templos do AT (cf. Ex 30.17-21).
8. PARAMENTOS: Deriva da palavra parare = preparar. São adornos que demonstram que a mesa do Senhor está preparada. Usamos, por exemplo, a toalha superior do altar em linho fino, simbolizando o lençol que cobriu Jesus. Já os panos coloridos (antepêndios) são adornos festivos que, através de sua cor, comunicam a ênfase de cada culto.
9. CORES LITÚRGICAS: O Apocalipse, por excelência, sintetiza o simbolismo das sete cores do arco-íris, sinal da aliança de Deus com seu povo depois após o dilúvio (Gn 9.1ss). Individualmente podemos constatar as seguintes cores e significados:
Branco: cor da santidade, pureza, inocência e justiça de Deus (Ap 19.11-14); A cor da vitória de Cristo – o cavalo branco, o trono branco, a pedra branca e as vestiduras brancas (Ap 1.14; 2.17; 6.11). Aplica-se à vida do cristão redimido que usa vestiduras brancas, lavadas pelo sangue de cristo. A igreja usa sempre como cor de fundo, e de forma específica no Natal e Páscoa.
Preto: fome, agonia, luto e sofrimento (Ap 6.5) A igreja usa apenas na Quarta feira de cinzas e na Sexta feira da paixão.
Vermelho: cor de sangue, guerra, fogo, assassinato (Ap 6.4; 12.3 e 7.14). Também denota o sangue redentor de Cristo derramado por nós. A igreja usa no dia de pentecostes, aniversário da igreja e festas marcantes na vida dela.
Púrpura: vermelho escuro até roxo é a cor da dignidade real ( Dn 5.29; Mt 27.28). Em Ap 17.3 denota a falsidade, hipocrisia e mentira. A igreja usa na semana santa.
Amarelo: pálido: cor de cadáver, simboliza a morte (Ap 6.8); amarelo ouro (dourado) – brilhante: simboliza a vida intensa, radiante (Ap 1.15). O amarelo ouro é usado entre páscoa e pentecostes.
Verde: a cor predominante do arco-íris é sinal de esperança (Ap 4.3). A igreja usa em todos os dias não festivos.
10. VESTES LITÚRGICAS: No AT Deus ordenou que sacerdotes e levitas as usassem para ministrar no templo e tabernáculo (Ex capítulo 28 > Cf. vv. 3,4; 31-35; 42,43). O NT não recebeu tal ordenança, mas também jamais revogou as vestes, como o fez com a lei do Sábado. No NT, na sua origem, as vestes sacerdotais eram civis (comuns ao povo). Assim os dirigentes do culto usavam vestes próprias para caracterizarem seus ofícios. Logo as vestes do culto passaram a ser próprias e não poderiam mais ser usadas em outras ocasiões. As vestes civis foram modificando através dos tempos. Tal modificação não aconteceu com as vestes do culto prescritas aos sacerdotes.
Algumas vestimentas:
Alba: (branco) simboliza o manto da justiça de Cristo;
Estola: simboliza o jugo de Cristo, sob o qual está o pastor que ministra.
Batina preta e colarinho clerical: oriunda das vestimentas domésticas de professores, clérigos, juizes e oficiais de justiça dos séculos XVI e XVII. Elas não tem simbologia litúrgica.
Sobrepeliz: tem a função de encobrir o indivíduo para ressaltar sua função sacerdotal. Desaparece o homem civil para enfatizar o Servo de Cristo.
Paletó: oriundo do costume inglês. Também não tem simbologia litúrgica.
Vestes dos fiéis: discreta, bonita, sem ostentação, que não chame atenção pelos exageros ou pela sensualidade, mas que contribua para a reverência, a alegria e beleza do momento. Deveria evitar-se no culto o uso de camisetas de clubes de futebol, propagandas de qualquer natureza e vestimentas coladas ou transparentes que buscam realçar o que não é importante para o culto e adoração. Fora do culto, jamais obscena, escandalosa ou que promova a sensualidade promíscua. Pode-se ainda evitar o uso de vestimenta que promova conceitos pagão ou pecaminosos. Bom senso e discrição seriam uma boa referência para o cristão.
11. A CRUZ: É o mais forte e importante símbolo que identifica o cristianismo. Ela simboliza a vitória de Cristo sobre a morte e aponta para a nossa futura ressurreição. O Sinal da Cruz serve para identificar cerimônias e celebrações como cristãs. O sinal da Cruz sobre o Peito é usado em nosso contexto como forma de se benzer, mas era usado pelos cristãos da perseguição como forma de identificação.
12. O CRUCIFIXO: Este é um importante ornamento do altar, pois enfatiza a natureza humana de Cristo e seu sacrifício em nosso lugar. Nos torna evidente a natureza pecaminosa que levou Cristo à crucificação e morte. Ele é posto no altar porque foi na cruz que o corpo de Cristo foi entregue à morte e seus benefícios vem a nós através da Santa Ceia, recebida junto do altar.
O crucifixo é, talvez, o mais polêmico símbolo cristão, pois é amplamente usado como amuleto pelo catolicismo popular, e totalmente erradicado pelas igrejas evangelicais para evitar o erro anterior. Penso não ser salutar o uso em nosso contexto sócio-religioso.
13. AS VELAS: Deus é a luz inacessível e faz muitos se alegrarem com a sua luz. A primeira palavra de Deus foi: "Haja Luz". Jesus é chamado de "Sol nascente" Ap 7.2; "Estrela da manhã" 2.28 e 28.16; "Luz do mundo" Jo 8.12 e 9.5. Assim, a luz tem um grande significado para nós cristãos. A coluna de fogo que guiou o povo de Israel em Êxodo 13.21,22. A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi em forma de línguas como de fogo (At 2.3). Novamente a luz como símbolo da presença de Deus
No culto do AT as luzes são prescritas pelo próprio Deus (Ex 25.37) mostradas a Moisés no monte. Uma deveria permanecer acesa continuamente (Ex 27.20) e apagar a lâmpada era sinal de castigo: Jó 18.6 e Pv 20,27... Na Bíblia ocorrem mais de 150 vezes as palavras luz, candeeiro, lâmpada e castiçais.
As velas no culto simbolizam a Cristo, a luz do mundo e a Palavra que irradia no culto. Ao queimarem simbolizam o seu amor sacrificial. As velas ainda simbolizam a perseverança dos cristãos perseguidos, que, à luz de lamparinas liam a Palavra às escondidas. Da mesma forma simbolizam a fé da pessoa que brilha enquanto alimentada, mas deixa de existir se não for cultivada. O próprio local do culto deveria ser bem iluminado fisicamente, pois é um lugar de luz divina que afugenta as trevas do pecado e do diabo.
A vida santificada também é comparada com luz: Pv 13.9; Mt 5.16.
14. ESTANDARTES: Estes tem 24 referências no AT, entre elas no Sl 60.4, Ct 2.4 e Is 11.10. Já o NT não lhes faz nenhuma referência. Os mesmos são usados com fins didáticos dentro da igreja e foram introduzidos na arte sacra cristã pelo imperador Constantino.
15. GESTOS:
Sinal da Cruz: é um símbolo de dedicação e consagração (catolicismo = benzer-se). É um gesto confessional que define nossa fé na SS. Trindade.
Levantar-se: expressão de respeito e honra a deus presente através da Palavra e Sacramentos. Prontidão em ouvir e obedecer.
Assentar-se: posição de meditação, acolhimento e aprendizagem.
Ajoelhar-se: expressão de humildade, respeito, adoração e consagração.
Levantar os braços: sinal de entrega, render-se. (Não muito usado na igreja luterana)
Juntar as mãos: recolhimento, devoção e reverência. Ato de aquietar-se para falar com Deus. Um belo gesto ao nos aproximarmos do altar para receber a ceia.
Imposição das mãos: sinal de bênção e reconciliação. Das mãos de Deus emanam poder e bênçãos.
Genuflexo: (gesto de curvar-se, dobrando ligeiramente os dois joelhos). Um ato de adoração e reverência, recomendado quando nos aproximamos do altar durante as celebrações e ao participarmos da Ceia.
16. BEBIDAS E CIGARRO: O quinto mandamento é a melhor referência para administrar questões que prejudicam a vida física. Não apenas as duas mencionadas, mas todas as demais.
Cristo ama o pecador, mas condena o pecado. Esta deve ser a atitude da igreja. Bebida e cigarro são classificados pelas igrejas como os piores vícios. Os mesmos causam repugnância para muitos, embora as drogas causem piedade. Há equívocos graves na conceituação de vícios. Vencer vícios pode ser um ato puramente físico e psicológico, possível até nos incrédulos.
O corpo é o santuário dos Espírito Santo, prejudicá-lo pode significar profaná-lo (1 Co 6.19). Alguns texto norteadores: Pv 23.20; 1 Co 6.10;
Não nos cabe julgar, mas não podemos fugir do fato de que usar e depender de coisas que prejudicam o corpo é pecado. A igreja luterana não é a favor da bebida e do cigarro, mas questiona quando apenas estes vícios são tidos como pecado. Por outro lado crê na transformação que Deus opera, e não naquela que deve vir antes como forma de "comover Deus". Qual é o parâmetro bíblico para estabelecer algo como vício?
Será que não existem crentes que pecam contra o oitavo mandamente (falando mal de pessoas que possuem vícios) só porque estes pecam contra o quinto? Quantas vezes você já orou por pessoas que possuem vícios? Precisamos orar e ajudar os que possuem fraquezas e vícios.
Penso que 1 Co 9.22 é uma excelente referência, "Fiz-me tudo com todos, com o fim de, por todos os modos, ganhar alguns". Posso ganhar alguém para Cristo? Glorificá-lo? Tudo o que o Cristo faz deve ser para edificação própria, glória de Deus ou salvação do próximo. Poderíamos dizer que aquilo que não edifica, nem glorifica ou salva deveria ser deixado de lado. Vícios em geral enquadram-se nesta situação. O cristão precisa lutar contra o vício, que é um pecado, mas isto não significa que todos vencerão o vícios, pois ninguém deixa de ser pecador por causa da fé.
Há um grande erro quando se coloca o vencer vícios, ou mesmo deixar de mentir e roubar como sinais de santidade, pois, embora posam ser, são coisas alcançadas também pelos incrédulos. Ser nova criatura é mais do que vencer vícios. O moralismo olha para o exterior como os fariseus e busca uma mudança de conduta exterior, o que não significa necessariamente mudança espiritual e apego aos méritos salvíficos de Cristo.
CONCLUSÃO:
Mt 5.18 "Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra".
1 Co 10.23: "Todas as coisa são lícitas, mas nem todas convém; todas são lícitas, mas nem todas edificam." Nós precisamos observar o que convém e edifica em nosso contexto social".
1 Co 10.31 "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS".
1 Co 9.22 "Fiz-me tudo com todos, com o fim de, por todos os modos, ganhar alguns. Tudo faço por causa do Evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele".
TÓPICOS:
Todas as igrejas usam símbolos, pois a Bíblia os usa;
Os símbolos que usamos não pertencem à Igreja Luterana. Eles são da cristandade;
A falta de clareza sobre os símbolos escandaliza irmãos. Nós precisamos conhecer mais sobre os símbolos na Bíblia;
Há um sentimento de inferioridade, em geral, motivado pela falta de clareza, que leva luteranos a ceder diante de qualquer questionamento sobre símbolos, até mesmo sem argumentação;
Em questões doutrinárias (Batismo e Ceia) não cedemos em hipótese alguma, pois não existe texto da Bíblia que mostre erro em nossa doutrina. Por exemplo: Não se proíbe batizar crianças, não está especificado o modo e quantidade de água no batismo; não se proíbe o uso de vinho, nem mesmo apresenta que a ceia deva ser para todos indistintamente. Aliás, a Bíblia confirma o contrário – a necessidade de discernimento.
Devemos Ter mais responsabilidade com o uso de nossa liberdade cristã. Não temos a liberdade de escandalizar.
(Rev. Airton S. Schroeder - Natal – RN.)
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